MPF pede inquéritos sobre ameaças no Pará
Fonte Correio Braziliense
Apesar da repercussão dos recentes assassinatos de sindicalistas e agricultores no Pará, ameaças de morte continuam assustando as autoridades e as lideranças rurais do estado. Ontem (30/08), procuradores da República em Belém, em Marabá e em Altamira pediram à Polícia Federal a abertura de inquéritos para apurar a ação de madeireiros, pistoleiros e grileiros acusados de fazer ameaças aos moradores que denunciam a ilegalidade no campo. Entre os marcados para morrer estão familiares do casal José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, assassinados, em maio deste ano, em Nova Ipixuna, no interior do Pará.
Há uma semana, outro agricultor foi morto em Marabá, no sul do estado. Valdemar Barbosa de Oliveira, 54 anos, chamado de Piauí, era líder de um acampamento de trabalhadores rurais no assentamento Califórnia e foi assassinado a tiros em um bairro da cidade. Desde 24 de maio deste ano — quando o casal de extrativista foi executado —, há registradas oito vítimas da pistolagem. Segundo o Ministério Público Federal (MPF) no estado, existe a necessidade de uma investigação rigorosa em torno das ameaças, além da adoção de medidas para a proteção dos camponeses em perigo.
Uma das preocupações dos procuradores é com a vida de Raimundo Belmiro, líder da reserva extrativista Riozinho do Anfrísio, em Altamira, que vem recebendo ameaças após denunciar a atuação de madeireiros e grileiros na região. Segundo o MPF, madeireiros teriam encomendado a morte de Raimundo por R$ 80 mil.
Também vivem em clima de tensão os familiares do casal de extrativistas assassinados. Em junho, a sobrinha das vítimas Claudelice Silva dos Santos esteve na Câmara dos Deputados com outros ameaçados para denunciar que a situação continua precária no Pará.
"Meu estado há 11 anos é campeão de violência", admite o deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), durante a sessão de ontem (30/08) das comissões de Segurança e dos Direitos Humanos, que discutiram a segurança dos magistrados. "As pessoas anunciam que estão na lista (marcadas para morrer), o Estado sabe e a morte é anunciada e executada", completou o parlamentar. (EL)
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